Governo quer avançar pautas que ''desrespeitam a sociedade'', diz Maia

Atual presidente da Câmara ainda não anunciou quem apoiará para sua sucessão


O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (9) que o governo Jair Bolsonaro está "desesperado" para eleger um aliado para a presidência da Casa. O objetivo, segundo Maia, seria avançar pautas de costumes e "desorganizar" a agenda do meio ambiente.

O líder do PP e do Centrão na Câmara, Arthur Lira (PP-AL), lançou candidatura oficial ao cargo nesta quarta. Ele tem o apoio do Palácio do Planalto. No outro campo, está o grupo aliado de Maia, que ainda não definiu candidato – há pelo menos cinco nomes cotados.

"O governo está desesperado para tomar conta da presidência da Câmara dos Deputados. O governo está desesperado para desorganizar de uma vez por todas a agenda do meio ambiente neste país", declarou.

Segundo o presidente da Câmara, "o governo está, de uma vez por todas, interessado em flexibilizar a venda e a entrega de armas neste país, entre outras agendas que desrespeitam a sociedade brasileira e as minorias. Infelizmente, pouca prioridade naquilo que é fundamental”.

Maia disse que, à frente da Câmara, não pautou nenhum projeto de costumes – por não concordar com as propostas e por acreditar que sejam matérias que dividem a sociedade e "atropelam" as minorias.

"Cada um vai defender um caminho. Hoje, eu vi na imprensa que o candidato do Bolsonaro defende votação dos projetos de costumes. Eu discordo, tanto discordo que não pautei e tenho certeza que o meu candidato terá um compromisso muito maior no campo da agenda econômica do que no enfrentamento de uma pauta de dividir a sociedade e de atropelar as minorias. Cada um tem um caminho. O caminho do governo, certamente, será esse", disse.

A eleição para a escolha de quem irá presidir a Câmara no próximo biênio está marcada para o início de fevereiro. No entanto, os partidos já vêm se articulando nos bastidores. No domingo (6), o Supremo Tribunal Federal (STF) formou placar de 6 votos a 5 para barrar a reeleição de Rodrigo Maia.

Na entrevista desta quarta, Maia mostrou intenção de se distanciar da pauta do Planalto e atrair, para o seu grupo, o apoio de partidos de oposição com quem tem conversado.

"Eu defendo outra pauta. Defendo a pauta da modernização do Estado brasileiro, da redução das desigualdades, da redução do desemprego, da redução da pobreza e isso se faz com uma agenda econômica que modernize o estado brasileiro e que garanta maior competitividade para o setor privado. É o que eu acredito. E, claro, a defesa das pessoas mais vulneráveis", disse.

Comando da pauta

O atual presidente da Câmara ponderou que os dois principais grupos que disputam o comando da casa legislativa defendem a mesma agenda liberal na área econômica, que é também a do governo.

E disse que, portanto, o interesse do Palácio do Planalto em interferir no pleito seria para avançar nas pautas de costumes e armamentistas.

“Se todos os candidatos colocados defendem a pauta econômica, para que que o governo quer interferir no processo? Porque ele quer as outras pautas, ele quer a pauta contra o meio ambiente. Ele quer a pauta das armas. Ele quer essas pautas que ele defende, de forma legítima, defendeu na eleição, e que precisa de um presidente da Câmara patrocinado por ele para que ele possa avançar nessas pautas”, afirmou Maia.

Perguntado sobre um suposto movimento no Palácio do Planalto para condicionar a liberação de emendas parlamentares ao voto em Arthur Lira, noticiado pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Maia questionou a estratégia do governo.

O presidente da Câmara reafirmou que a destinação dos recursos do Orçamento para emendas indicadas pelos parlamentares é de caráter obrigatório e que as verbas precisarão ser liberadas de qualquer forma.

Maia ponderou ainda que uma parte do parlamento, embora defenda a mesma agenda econômica do governo, é independente – e disse que o governo terá que lidar com esses parlamentares.

“O que eu penso é que dor de barriga não dá uma vez só. Tem o dia de amanhã. O governo tem, na agenda econômica, uma parte do parlamento. E a outra parte do parlamento que defende a pauta econômica é independente do governo. Dependendo de como o governo operar a eleição, ele pode transformar a oposição ao governo de 130 para 230 deputados", disse.

"Por exemplo, o governo é que tem que fazer escolhas: se, no período pós-eleição da Câmara, pretende continuar avançando em votações com quórum qualificado. Então, toda ação vai ter uma reação”, prosseguiu.

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